Novembro traz três importantes novidades ao catálogo da Officium Lectionis:
Rui Nunes. A desobediência brutal de um gesto, edição organizada por José Rui Teixeira no contexto do 80.º aniversário de Rui Nunes e do IV Colóquio TEOTOPIAS.
Esta edição integra um texto inédito de Rui Nunes e estudos de Maria João Reynaud, Diogo Martins, José Pedro Angélico, Pedro Pereira, Rui Teixeira, Jorge Teixeira, Hélder Moreira e José Rui Teixeira, que escreve na introdução: “É um observatório sismológico: arrisca a medida da desordem dos sistemas e propõe uma escala… não para quantificar a magnitude de um sismo, mas para descrever a experiência de sobreviver às suas devastações, entre pressentimentos de morte e o tempo provisório de uma ressurreição”.
Cor inquietum. Breve ensaio sobre a saudade, de José Pedro Angélico.
Apesar de facilmente localizável na literatura e na filosofia da faixa ocidental da Península Ibérica, a saudade é a palavra portuguesa que a mais equívocos se presta. Sufocada por hermenêuticas identitárias regionais, ora ideologicamente moldadas ora turisticamente comercializáveis, tem ficado à mercê de delírios e banalidades. Contudo, mais além da impenetrável névoa esotérica dos primeiros e da insuportável superficialidade das segundas, entrevê-se ainda a possibilidade de um olhar a um tempo claro e denso.
Filosoficamente apátrido, tal como as restantes coordenadas culturais ibéricas, se considerarmos que a filosofia é grega, francesa ou alemã, o pensamento português vive amiúde entre a obsessão da identidade e a permanente cobiça de uma alteridade filosófica além-fronteiras. Na verdade, nada há de mais revelador da carência do que a persistente negação da sua evidência. E este tem sido o seu drama, mas também a sua trama.
Para além dos glaciares e do cemitério de sóis. Antologia de poesia asturiana contemporânea, edição bilingue, organizada por Miguel Rodríguez Monteavaro, com tradução para português de Jorge Melícias.
Com o propósito de demonstrar a quantidade e a qualidade dos poetas que publicam originalmente em língua asturiana, esta seleção de 22 escritores constitui uma tentativa de saldar uma dívida histórica entre dois territórios que nunca deveriam ter sido separados. É nosso desejo que este volume com tradução para o português possa chegar a mais leitores e que sirva para ligar a poesia asturiana a outras literaturas, seja de que país for. Eis aqui uma mostra da literatura atual das Astúrias, uma terra chamada «periférica», mas que tem uma forma muito particular de se apresentar ao mundo do século XXI.
