José Rui Teixeira Ossário
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É verdade que roubávamos laranjas
nos quintais e tínhamos navalhas.
Não temíamos que nos apanhassem.
Vivíamos impunes nesse verão:
saltávamos muros, subíamos às árvores,
atirávamos pedras às janelas
de casas abandonadas e não havia
baixios em que encalhassem
nossos corações indómitos.
Havia um velho que me dizia cigano
quando me via nos baldios.
Seria alguma divindade telúrica
e eu nunca o provocava.
Colhia uma ou duas flores
para a minha mãe e seguia prudente
pelo atalho mais soalheiro.
Suspeitávamos todos que abria covas
e que de bom grado nos daria a morte.
José Rui Teixeira Ossário
1.ª ed.: junho 2025
140 x 210 mm | 118 pp.
ISBN 978-989-36124-2-2
Fotografias de António Júlio Duarte




