Fernando de Castro Branco
De coração aberto

12,72 

Procurei a casa, a casa partiu. O corpo
a descoberto, à mercê da noite: passageiro
a passar, a passar. Paro em minúsculas
manchas verdes dando dedos ao esqueleto
da figueira. Lembro-me perfeitamente:
a casa estava precisamente aqui. Nada
se vê. Aceito a hipótese de eu mesmo ser
noutro lugar, algures na memória da ficção.

Tenho perdido o que posso, um acaso
de alfaias, objectos que serviram,
utilitários na sucata e se falassem
diriam certamente quilómetros de amores
mal aconchegados. Um tecto de nuvens
sob as quais treme o pensamento e
protege menos mal o que ficou por fazer.

18 em stock

1.ª ed.: maio 2021
150 x 210 mm | 90 pp.
ISBN 978-989-8029-83-6

Imagem da capa: Vincent van Gogh, pormenor de Amandier en fleurs [1890]

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