Nuno Matos Duarte
Beluária

12,72 

Oponho-me porque não me oponho,
em apagar-me me oponho.
Opero na delimitação doméstica,
nos meandros do abstracto sigo
cada gesto ignoto,
nutro a obsessão por todo o gesto
que pacientemente se anula
ao esfriar
na superfície plana que o acolhe.
Pilhas de coisas, pilhas de coisas, e
desempilho tão-somente a fina folha,
sem que por demais a afaste da gema.

Inseparabilidade do encanto (oponho-me),
ficou o que morreu e, com a morte,
emergiu da pele tensa
a carne da pintura.

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