Em fevereiro, publicamos O enigma das ondas, do poeta, romancista, compositor, tradutor e ensaísta brasileiro Rodrigo Garcia Lopes [Londrina, Paraná, 1965].
Como tradutor e ensaísta, publicou Sylvia Plath: Poemas e Iluminuras: Gravuras Coloridas [de Arthur Rimbaud], ambos com Maurício Arruda Mendonça, Folhas de Relva [de Walt Whitman], The Seafarer / O Navegante [do anglo-saxão] e Ariel [de Sylvia Plath, com Cristina Macedo] e Epigramas [de Marco Valério Marcial, 2018]. É autor do livro Vozes & Visões: panorama da arte e cultura norte-americanas hoje [1996], que conta com entrevistas com artistas e escritores norte-americanos; e de sete livros de poesia: Solarium [1994], Visibilia [1996], Polivox [2002], Nômada [2004], Estúdio Realidade [2013] e Experiências Extraordinárias [2015]. O enigma das ondas [2020] foi um dos semifinalistas da edição de 2021 do Prêmio Oceanos de Literatura. Rodrigo Garcia Lopes escreveu ainda o romance policial-histórico O trovador, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, em 2015.
Sobre O enigma das ondas, Samuel Leon escreveu:
O enigma das ondas é o sétimo livro de poemas de Rodrigo Garcia Lopes, um dos mais instigantes e inquietos poetas brasileiros que vem, desde os anos 80, construindo uma sólida carreira literária.
Rodrigo Garcia Lopes traduziu Epigramas, de Marcial, O navegante [anônimo anglo-saxão], Rimbaud, Whitman, Apollinaire, tendo apresentado as obras de Laura Riding e Sylvia Plath ao leitor brasileiro. Também lançou um livro de entrevistas com personalidades da arte e da cultura norte-americanas, um romance policial, dois álbuns de canções e coeditou por doze anos a revista Coyote, publicando poetas e prosadores brasileiros e do exterior.
O enigma das ondas revela um poeta em plena maturidade, que reacende a força e a relevância da poesia, mostrando que ela pode explorar em profundidade, e em registros múltiplos, a realidade contemporânea e a existência. Em 91 peças, o volume traz poemas líricos, políticos, críticos, satíricos e reflexivos. O livro foi semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura de 2021.
Seus poemas enfrentam o mundo esteticamente e exibem uma urgência vital em nossos tempos turbulentos, como em «Selvageria»: «No fim o desembargador era o chefão de uma milícia assassina/ E o incêndio na favela celebrado com fuzis e buzinas./ Mais cadáveres encontrados na lama da barragem/ E o coronel torturador ganha mais uma homenagem […]». Ou momentos líricos como «Na praia, junho»: «[…] os olhos bordejando as ilhas distantes/ antes mastigaram o nevoeiro/ nossos corpos satisfeitos e ainda quentes/ lendo as pistas que os detetives noturnos não seguiram/ os pés imprimindo em sua passagem/ a sensação de uma vida acontecendo/ limpa como a areia após a onda».
Poesia como investigação, aventura da palavra, forma de conhecimento do mundo.
Pela abrangência de questões, pelo esmero estético, O enigma das ondas é um momento alto da poesia brasileira recente.